Home Sem categoria Hospitais do AM colapsam por falta de oxigênio e pacientes morrem asfixiados

Hospitais do AM colapsam por falta de oxigênio e pacientes morrem asfixiados

576
0

O governo estadual diz o que Amazonas vive a fase mais crítica da pandemia

Hospitais do AM colapsam por falta de oxigênio e pacientes morrem asfixiados

Com a nova explosão de casos de covid-19 no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus ontem, levando pacientes à morte por asfixia, segundo médicos. O governo federal anunciou que levará pacientes para outros Estados – é estimada a necessidade de 750 transferências. Profissionais de saúde disseram ainda que hospitais fecharam as portas nesta quinta-feira, 14, por falta de insumos e leitos, e precisaram de apoio da PM para evitar invasões. O governo estadual diz o que Amazonas vive a fase mais crítica da pandemia.

O Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo na manhã de ontem. Segundo um profissional ouvido pelo Estadão e que não quis se identificar, o oxigênio acabou na madrugada, gerando desespero nas equipes de saúde. O hospital teria recebido cilindros às 12 horas, capazes de oferecer ajuda a pacientes por apenas mais duas horas.

“Colegas perderam pacientes na UTI por causa da falta de oxigênio. Eles ainda tentaram ambuzar (ventilar manualmente), mas foi só para tentar até o último recurso mesmo, porque é inviável manter isso por muito tempo. Cansa muito, tem de revezar profissionais. Chamaram residentes para ajudar na ventilação manual. A vontade que dá é de chorar o tempo inteiro. Você vê o paciente morrendo na sua frente e não pode fazer nada. É como se ver na guerra e não ter armas para lutar”, disse outra médica da unidade. Nas redes sociais, profissionais do Getúlio Vargas também divulgaram pedidos de ajuda.

O Pronto-Socorro 28 de Agosto, o Hospital Universitário Getúlio Vargas e o SPA (serviço de pronto-atendimento) Alvorada chegaram a fechar as portas por não terem condições de atender novos pacientes. Em frente a essas três unidades houve tumulto e a PM foi acionada para impedir a entrada à força de quem buscava atendimento.

“Estamos perdendo vidas. Há algumas semanas a gente já vinha citando que era um cenário de guerra e que o caos iria se instalar”, afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Viana.

Conforme relatos de outros profissionais de saúde publicados nas redes sociais, a maioria dos hospitais sofre com o mesmo problema. Há registro de falta do insumo nos hospitais Fundação de Medicina Tropical e nos SPAs de Manaus.

Segundo Marcellus Campêllo, secretário da Saúde do Amazonas, as empresas fornecedoras de oxigênio entraram em colapso por não conseguir atender à demanda, que dobrou em relação a abril e maio. “No 1º pico, o consumo máximo foi de 30 mil m³ de oxigênio e, neste momento, estamos com consumo acima de 70 mil m³.” O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), atribuiu o desabastecimento ao isolamento geográfico do Estado.

O procurador de Justiça Caio Dessa Cyrino, que tinha um filho internado no Hospital Fundação de Medicina Tropical, disse ao Estadão que pela manhã não havia oxigênio para nenhum paciente. “Minha nora me ligou às 5h, quando ela foi lá visitá-lo, avisando que tinha acabado. Ele estava no 3º dia de UTI e evoluindo bem. Por sorte, eu tinha uma ‘bala’ de oxigênio em casa e corri para o hospital para levar. Quando cheguei com a bala na mão, vi o olhar de desespero dos médicos, servidores. Estavam em choque, sem poder fazer nada.”

Ele conta que o filho, de 36 anos, começou a se sentir mal há quase duas semanas, mas logo no início não achou vaga em hospital e ficou em home care, por isso ele tinha oxigênio. Ele conseguiu contratar uma UTI aérea para transferir o filho para São Paulo. “Mas quantas centenas não têm como fazer isso e podem morrer hoje?”

Segundo o governo local, inicialmente 235 pacientes serão enviados para Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Distrito Federal. A União vai apoiar a transferência, em aviões militares, de pacientes com quadros moderados, em condições de serem levados.

POR ESTADÃO CONTEÚDO