O ex-deputado federal Fernando Ferro, que concorre à presidência do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Pernambuco, defendeu, de forma enfática, em entrevista à Folha de Pernambuco, a necessidade de o partido lançar candidatura própria ao governo estadual nas eleições de 2026. A proposta contraria a atual linha da direção petista, que tem mantido uma política de aliança com o PSB nos últimos pleitos locais.
Para Ferro, o ideal seria a legenda não apoiar a candidatura de Raquel Lyra (PSD) à reeleição como governadora e nem subir ao palanque do prefeito do Recife, João Campos (PSB), caso ele venha concorrer ao cargo de governador em 2026.
Segundo o ex-deputado, o PT em Pernambuco vive um processo de “submissão” às estratégias políticas do PSB, o que teria enfraquecido a legenda no estado. “Nós viramos uma espécie de puxadinho das empreitadas políticas do PSB. Isso não é aliança, é submissão. Não podemos continuar enterrando o PT dessa forma”, afirmou o ex-deputado, criticando os rumos tomados pela atual direção.
Ferro considera que a ausência de protagonismo tem causado prejuízos políticos à sigla, como a perda de representatividade nas câmaras municipais, a queda na votação de legenda e a falta de espaços no governo federal. “Hoje, Pernambuco não tem sequer um ministro do PT no governo Lula. Isso é reflexo da covardia política de não se afirmar como um projeto autônomo”, disse.
Ao defender uma candidatura própria ao Palácio do Campo das Princesas, Ferro afirma que o partido precisa “botar a carta na mesa” e retomar sua identidade. Ele destaca que o próprio presidente Lula sinalizou recentemente a possibilidade de mais de um palanque no estado e questiona: “Se pode dois, por que não um terceiro do PT?”.
Entre os nomes citados por Fernando Ferro como possíveis candidatos do partido ao governo do estado estão a senadora Teresa Leitão, o deputado federal Carlos Veras e a vereadora recifense Liana Cirne. Ele também se colocou como opção, caso o partido não encontre outra liderança disposta a encarar a disputa.
Apesar de reconhecer que sua posição é minoritária dentro do grupo dirigente do partido, Ferro diz contar com apoio de militantes e lideranças no interior do estado. Ele acusa a atual gestão do PT de tomar decisões centralizadas e sem debate com a base. “As escolhas são feitas por cinco ou seis pessoas em reuniões com aliados. Nós precisamos recuperar o debate político dentro do PT”, defendeu.
Para Fernando Ferro, apresentar uma candidatura própria também é estratégico para fortalecer a bancada federal do partido e reduzir a dependência do governo Lula em relação ao chamado Centrão. “Quem não tem carta, não joga. E o PT tem se recolhido. Isso dá margem ao afastamento da militância e ao enfraquecimento das lideranças”, concluiu.
O ex-deputado participa da disputa pela presidência do PT estadual em uma chapa que apoia Rui Falcão para a direção nacional da sigla. Ele defende uma atuação mais crítica do partido em relação ao Governo Lula (PT).(Folhape)