Saiba em quais práticas investir em hospitais para superar a falta de profissionais de saúde sem comprometer qualidade e volume dos atendimentos.
Com o avanço da vacinação no Brasil, o período mais preocupante da pandemia da Covid-19 fica para trás, entretanto, a crise sanitária explicitou o problema da falta de profissionais da saúde no País.
A pesquisa da Fiocruz “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19” revelou que a pandemia alterou a rotina de trabalho para 95% profissionais, sendo que 50% admitiram excesso de trabalho e 45% deles têm mais de um emprego.
Assim, entre desafios logísticos, alta demanda e problemas de infraestrutura, a falta de profissionais também se tornou uma questão a ser ponderada no pós-pandemia.
Como gerenciar a falta de profissionais de saúde em hospitais?
Os gestores da área da saúde estão em busca de alternativas que viabilizem otimizar os recursos hospitalares, incluindo o capital humanos das instituições.
Existem diversas práticas que podem ser desenvolvidas visando garantir a eficiência, qualidade e volume de atendimento mesmo quando a disponibilidade de profissionais é limitada.
Modernização da estrutura
A primeira recomendação é que os gestores avaliem investimentos de modernização da estrutura hospitalar, incluindo com a incorporação de tecnologias para processos mais efetivos.
Um exemplo é a adoção de terminais de autoatendimento utilizando robôs e inteligência artificial para recepção e triagem dos pacientes.
No que se refere às práticas de atendimento médico, os robôs podem ser usados em procedimentos para torná-los mais rápidos e de qualidade, garantindo maior capacidade de atendimento.
Existem outras tecnologias que também podem ser empregadas na área médica para garantir capacidade de atendimento, como sistemas de gestão integrada, farmácias inteligentes e sensores de monitoramento automatizado de pacientes.
Ampliação do escopo de prática de enfermagem
O profissional de enfermagem é indispensável para operacionalização do atendimento hospitalar.
O escopo de atuação desses profissionais pode ser ampliado conforme treinamentos específicos viabilizem a qualificação necessária.
Com isso, a equipe de enfermagem pode se tornar responsável por pequenos procedimentos e exames, além de garantir preparo e encaminhamento de atendimentos, de forma que os médicos sejam acionados em momentos mais propícios à sua expertise.
Profissionais de saúde multidisciplinares
O atendimento humanizado não é apenas uma tendência, mas se consolida como demanda central nas instituições de saúde.
A falta de profissionais qualificados pode comprometer a prestação de um atendimento mais humano e eficiente aos pacientes.
Dessa forma, os gestores podem investir, cada vez mais, em equipes de saúde multidisciplinares, reduzindo a carga de responsabilidades dos médicos ao compartilhá-la com outros profissionais.
Uma equipe multidisciplinar garante que o paciente seja atendido em toda sua amplitude e ainda promove uma atenção mais especializada e humanizada às necessidades individuais.
Podem compor equipes multidisciplinares de saúde: médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e outros.
Treinamento de profissionais de saúde
Quando o hospital apresenta desafios referentes à falta de profissionais, os gestores podem investir ainda mais na capacitação e treinamento das equipes para tornar a rotina de trabalho mais produtiva.
Os treinamentos em saúde podem ter diferentes direcionamentos, conforme os objetivos administrativos, por exemplo:
- treinamento técnico: são as qualificais com foco na ampliação no escopo técnico de atuação dos profissionais, como ao capacitar um enfermeiro para um tipo específico de exame, tornando-o mais apto e qualificado na condução daquela prática;
- processos: são os treinamentos voltados a capacitar as equipes para operacionalizar, com mais eficiência e qualidade, o fluxo de processos adotado na instituição, reduzindo o tempo de resposta, para tomada de decisão e melhorando a produtividade;
- cultura organizacional: são os cursos ou palestras nas quais o foco é criar um ambiente favorável à produtividade na instituição, com os profissionais tendo melhor domínio dos valores e missão da instituição, o que contribui no trabalho em equipe, comprometimento e satisfação.
Os diferentes tipos de treinamento apresentam focos diferentes, mas todos eles são igualmente importantes em instituições que almejam solidificar a estrutura de atendimento.
Otimização dos processos
Para que o treinamento com foco em processos seja benéfico, é importante que a instituição tenha fluxos protocolares bem definidos e otimizados.
Isso significa que é preciso que haja clareza no passo a passo para encaminhar qualquer tipo de caso ou solicitação, sem que seja necessário que os profissionais da linha de frente tenham que decidir, por si mesmos, o que fazer em cada situação.
Ainda que a autonomia decisória seja intrínseca à prática médica, ter protocolos claros reduz erros, melhora o tempo de resposta, especialmente em situações críticas, e desonera o profissional que pode se embasar nas orientações da instituição.
Planos de carreira
Com a falta de profissionais de saúde qualificados torna-se ainda mais importante a valorização dessa categoria, o que é implantado na prática por meio de planos de carreira, o que inclui salários compatíveis com a atuação e experiência, benefícios e investimento no aprimoramento profissional.
Esse tipo de prática contribui na retenção de talentos e no maior comprometimento dos profissionais, o que se reflete em produtividade no trabalho, redução do absenteísmo e melhora no clima organizacional.
Telemedicina
Cada vez mais a telemedicina é uma alternativa eficaz, confiável e segura para gestores que precisam lidar com a falta de profissionais da saúde.
Na área radiológica, por exemplo, os serviços de telerradiologia garantem que exames realizados localmente possam ser laudados por especialistas à distância, melhorando o fluxo de atendimentos.
Para que as práticas de telemedicina sejam mais eficientes, entretanto, é importante que haja investimentos em modernização da estrutura, qualificação das equipes e clareza nos processos.
Portanto, a garantia de um atendimento de excelência é possível mesmo quando há falta de profissionais, desde que os gestores consigam definir estrategicamente o foco da instituição.