Praticados pelo menos duas vezes por semana, no mínimo por 60 minutos, os exercícios físicos aquáticos, sejam aeróbica, zumba, yoga ou corrida, podem levar à redução de 3kg na balança e centímetros na circunferência após 10 a 12 semanas
Chancelados pela ciência, os benefícios das atividades físicas são incontestáveis, a novidade é que os pesquisadores verificaram que exercícios físicos na água favorecem aspectos específicos da malhação. A hidroginástica, quando praticada por pelo menos 10 semanas, pode ser eficaz na redução da circunferência da cintura e no auxílio à perda de peso, conforme aponta uma análise de dados, publicada ontem na revista BMJ Open. A pesquisa revelou, ainda, que os efeitos são especialmente maiores para mulheres com sobrepeso ou obesidade e para indivíduos com mais de 45 anos.
De acordo com estimativas globais de 2022, mais de 43% da população adulta mundial estava acima do peso, com 504 milhões de mulheres e 374 milhões de homens obesos. A obesidade ainda é responsável por aproximadamente 2,8 milhões de mortes todos os anos, conforme observam os autores do estudo. Os pesquisadores destacaram que a flutuabilidade da água desempenha um papel importante ao reduzir as lesões articulares comumente associadas aos exercícios realizados em solo, sendo mais vantajosa ainda para pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Apesar de a hidroginástica e a aqua aeróbica serem frequentemente recomendadas para auxiliar na perda de peso, ainda não se sabia exatamente qual impacto desse tipo de exercício tem na composição corporal, especialmente no que diz respeito à obesidade abdominal. Para investigar essa questão, os pesquisadores realizaram uma revisão de estudos relevantes sobre o tema publicados até o final de 2021, focando em comparações entre a hidroginástica e outros tipos de exercício ou grupos de controle em adultos com sobrepeso ou obesidade — definidos como indivíduos com índice de massa corporal (IMC) de pelo menos 30.
Brasil e outros
A análise abrangeu 10 ensaios clínicos com 286 participantes, com idades entre 20 e 70 anos. Esses ensaios foram aplicados no Brasil, na Índia, nos Estados Unidos, na Holanda e na Malásia. Foram considerados quatro exercícios na água: aeróbica, zumba, yoga e corrida, sendo que a duração dos programas variava entre seis e 12 semanas. A frequência das atividades era, em sua maioria, de duas a três vezes por semana, com as sessões tendo uma duração de aproximadamente 60 minutos.
Os resultados indicaram que a hidroginástica proporcionou uma redução média de quase três quilos no peso corporal e uma diminuição de cerca de 3cm na circunferência da cintura dos participantes com sobrepeso ou obesidade. Uma análise mais detalhada dos dados mostrou que períodos de exercícios superiores a 10 semanas, especialmente com 12 semanas de duração, resultaram em reduções mais consistentes no peso corporal e na circunferência da cintura, sobretudo para mulheres e indivíduos com mais de 45 anos.
Porém, os pesquisadores reiteram que, embora a hidroginástica tenha mostrado impacto na redução da circunferência da cintura, mais estudos são necessários para determinar se esses resultados podem levar a uma redução nos valores normais da circunferência da cintura para homens e mulheres adultos. Os cientistas também observaram que a evidência disponível não apresentou grande impacto na composição corporal masculina, possivelmente devido ao número reduzido de homens incluídos nos estudos, e que os participantes com menos de 45 anos também não tiveram alterações significativas.
Os cientistas ressaltam que a equipe “apoia a hidroginástica que é uma intervenção eficaz para reduzir o peso corporal geral e a obesidade central que são fatores críticos no gerenciamento dos riscos de saúde relacionados à obesidade”. Porém, defendem mais estudos. “Pesquisas futuras devem buscar superar essas limitações por meio de ensaios clínicos randomizados mais amplos e bem desenhados, com metodologias padronizadas e populações diversas. Além disso, investigar os efeitos de longo prazo da hidroginástica e comparar sua eficácia com outras modalidades de exercício poderá fornecer insights valiosos.” (Correio Brasiliense)