Março é um mês dedicado às mulheres, suas lutas e conquistas, e para lembrar à sociedade de que ainda há muitos espaços que elas devem ocupar antes que possamos falar em equidade. Porém, mais do que isso, trata-se de um mês que a área da saúde aproveita para conscientizar a população sobre os cuidados com a saúde da mulher. Hoje, eu gostaria de chamar atenção sobre a saúde cardiovascular da mulher, a necessidade dos cuidados de prevenção e sobre a importância de uma avaliação correta em caso de qualquer suspeita de doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente as doenças cardiovasculares respondem por um terço das mortes de mulheres no mundo, com 8,5 milhões de óbitos por ano, ou mais de 23 mil por dia. No Brasil, mais de 30% das mortes estão relacionadas a esta condição. Um fato preocupante é que, ao contrário do que muitos imaginam, as doenças do coração matam mais mulheres (32%) do que homens (28%), e estudos mostram que elas sequer têm conhecimento disso – desse total mencionado antes, de uma a cada três, apenas uma em cada cinco mulheres acreditam que doenças cardiovasculares são uma ameaça para sua saúde. Os fatores de riscos são diversos, mas podemos destacar sedentarismo, obesidade, diabetes, colesterol alto, pressão arterial alta, estresse, tabagismo e problemas na rotina do sono. E, como falamos de mulheres, outros pontos devem ser levados em consideração, como complicações na gravidez, uso de anticoncepcionais e menopausa.
A pós-menopausa também merece toda a nossa atenção. Nesta fase, a mulher costuma ganhar peso e aumentar a gordura corporal e pode haver um aumento da pressão arterial e da taxa de colesterol. É quando o risco de desenvolver uma doença cardiovascular fica ainda maior.
Uma pergunta frequente que ouço no consultório é sobre como reduzir estes riscos cardiovasculares. A resposta inicial é que é possível o cuidado preventivo. O melhor caminho é, sem dúvida, manter hábitos saudáveis, preferencialmente desde a primeira infância, com dieta equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente, manter o equilíbrio emocional e ter boa qualidade de sono. Tudo isso sempre acompanhado de uma avaliação periódica das funções do coração.
Outro ponto bastante importante é manter a atenção sobre os possíveis sintomas como mal-estar, desconforto torácico e até mesmo dor na região do estômago e náuseas. Caso qualquer um destes sinais surjam ou persistam, é necessário buscar ajuda médica imediata.
Sabemos que temos um longo desafio na conscientização da mulher sobre a saúde do seu coração. É nossa tarefa, comunidade médica, opinião pública e governo, trabalhar na prevenção e no incentivo pela busca de acompanhamento médico constante. Só assim teremos resultados mais eficazes e conseguiremos diminuir as estatísticas atuais.
Rafaela Penalva é cardiologista, membro do departamento de cardiologia da mulher (SBC) e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.