Menos de 10 minutos de atividade física moderada a vigorosa já é o suficiente para evitar doenças cardiovasculares e reduzir o risco de morte precoce por essas causas, diz um estudo com mais de 25 mil pessoas de 43 a 78 anos. Os pesquisadores se concentraram não nos exercícios feitos na academia, mas em movimentos da vida diária, como subir escadas, faxinar a casa e passear com o bebê
Menos de 10 minutos de atividade física moderada a vigorosa já é o suficiente para evitar doenças cardiovasculares e reduzir o risco de morte precoce por essas causas, diz um estudo com mais de 25 mil pessoas de 43 a 78 anos. Os pesquisadores se concentraram não nos exercícios feitos na academia, mas em movimentos da vida diária, como subir escadas, faxinar a casa e passear com o bebê
O autor do estudo, Emmanuel Stamatakis, da Universidade de Sydney, na Austrália, cunhou um termo para as atividades incidentais: atividade física vigorosa de estilo de vida intermitente (Vilpa, sigla em inglês). “São tarefas que fazemos na rotina, como atividades domésticas vigorosas, fazer compras pesadas no mercado, caminhar com intensidade ou brincar com as crianças”, explica. “A Vilpa é como aplicar os princípios do treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) à vida cotidiana”, compara. Antes do estudo atual, publicado na revista The Lancet Public Health, Stamatakis realizou uma pesquisa com 22 mil pessoas associando a Vilpa à redução de risco de câncer.
Sedentarismo
O pesquisador, que copresidiu, em 2020, as Diretrizes Globais da Organização Mundial da Saúde sobre Atividade Física e Comportamento Sedentário, afirma que menos de um em cada cinco adultos de meia-idade pratica exercícios regularmente, por motivos que vão de falta de dinheiro e tempo a estado de saúde. Embora reconheça que o ideal é ter uma atividade estruturada, ele afirma que é preciso pensar em estratégias que reduzam riscos entre sedentários.
“Esse estudo sugere que as pessoas poderiam reduzir potencialmente o risco de eventos cardíacos graves ao se envolverem em atividades de vida diária de intensidade pelo menos moderada, onde idealmente se movem continuamente durante pelo menos um a três minutos de cada vez”, disse, em nota, o coautor do artigo Matthews Ahmadi, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Sydney. “Na verdade, parece que isso pode ter benefícios de saúde comparáveis a sessões mais longas”, observa
Stamatakis complementa que a mensagem do estudo é que “qualquer tipo de atividade é boa para a saúde, mas quanto mais esforço você colocar nessas tarefas diárias e quanto mais tempo você mantiver essa energia, mais benefícios você provavelmente colherá”.
Novas diretrizes
Segundo os pesquisadores, o artigo traz algumas das primeiras evidências diretas para apoiar a ideia de que o movimento não precisa ser concluído em sessões contínuas de, pelo menos, 10 minutos, para ser benéfico. A crença era amplamente difundida até que a OMS removeu essa orientação de suas diretrizes, destacando, no lugar, que “cada movimento conta para a saúde melhor”.
No artigo, autores escrevem que, se as descobertas forem verificadas em pesquisas futuras, poderão ser traduzidas em diretrizes de saúde pública. “Elas poderão levar mensagens de saúde pública à população em geral, aumentando a sensibilização para os potenciais benefícios de períodos curtos de atividade física na vida cotidiana, especialmente para adultos que não praticam ou não podem praticar exercício”.
Stamatakis observa que esse tipo de pesquisa é possível, agora, graças à tecnologia dos dispositivos vestíveis. “Nosso conhecimento anterior sobre os benefícios da atividade física vigorosa para a saúde vem de estudos baseados em questionários, mas eles não podem medir sessões curtas de qualquer intensidade”, diz. “A capacidade da tecnologia wearable de revelar ‘micropadrões’ de atividade física, como a Vilpa, tem um enorme potencial para demonstrar as formas mais viáveis e eficientes em termos de tempo para as pessoas se beneficiarem da atividade física.”
Para medir a duração e a intensidade dessas atividades, os participantes usaram dispositivos vestíveis, também conhecidos como wearables, como relógios inteligentes, que monitoram parâmetros de saúde. Os pesquisadores cruzaram os registros médicos dessas pessoas, cujos dados estão no Biobank, do Reino Unido, com o tempo e o vigor com que desempenhavam as tarefas. A inteligência artificial analisou as informações, que foram coletadas ao longo de oito ano
O autor do estudo, Emmanuel Stamatakis, da Universidade de Sydney, na Austrália, cunhou um termo para as atividades incidentais: atividade física vigorosa de estilo de vida intermitente (Vilpa, sigla em inglês). “São tarefas que fazemos na rotina, como atividades domésticas vigorosas, fazer compras pesadas no mercado, caminhar com intensidade ou brincar com as crianças”, explica. “A Vilpa é como aplicar os princípios do treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) à vida cotidiana”, compara. Antes do estudo atual, publicado na revista The Lancet Public Health, Stamatakis realizou uma pesquisa com 22 mil pessoas associando a Vilpa à redução de risco de câncer.
Stamatakis complementa que a mensagem do estudo é que “qualquer tipo de atividade é boa para a saúde, mas quanto mais esforço você colocar nessas tarefas diárias e quanto mais tempo você mantiver essa energia, mais benefícios você provavelmente colherá”.
Correio Brasiliense