O agronegócio brasileiro não é para amadores. Não é para quem passa mais tempo em salas envidraçadas da Faria Lima do que em estradas de terra. Muito menos para quem enxerga o campo apenas como um código de barras ou um QR Code pronto para ser escaneado em relatórios trimestrais de fundos de investimento. Essa gente esqueceu que o setor não se administra com planilhas de Excel: se administra com pé no barro, xícara de café quente e compromisso consolidado no aperto firme de mão.
Nos últimos anos, temos assistido a um espetáculo grotesco de prepotência financeira tentando engolir o Agro pela força do capital. Multinacionais e fundos “experientes” apostaram tudo na consolidação do varejo de insumos, comprando revendas como quem coleciona figurinhas na revista da copa do mundo e acreditando que poderiam padronizar a distribuição de um país com mais de cinco mil municípios, climas diversos e perfis de produtores que vão do familiar, ao high tech.
E falharam, sem nos surpreender, falharam. O produtor não quer intermediação, e sim confiança. O que esses gigantes nunca entenderam é que o agricultor não anseia uma estrutura pomposa de revenda, tampouco um consultor engravatado que nunca pisou em uma lavoura, e que muitas vezes confunde um pé de milho com o de algodão. Ele quer olhar no olho de quem fabrica o que ele vai aplicar. Ele quer ter a liberdade de negociar direto com a indústria. E mais do que isso: ele quer preço justo, não um insumo inflacionado pela cadeia de atravessadores que não agrega absolutamente nada ao processo produtivo.
Esses atravessadores são os verdadeiros vilões invisíveis do Agro moderno. Compram da indústria por R$ 1 e vendem por R$ 3, apenas por estar no meio do caminho. E enquanto isso, o produtor, que lida com pragas, clima e risco de endividamento, continua sendo o elo mais pressionado da cadeia.
A Sell Agro, por exemplo, uma empresa especializada em tecnologia de adjuvantes agrícolas e genuinamente mato-grossense, não nasceu de planilhas, mas sim, surgiu do chão de fábrica. Falo com propriedade, esta foi criada com a mão na massa e a cabeça cheia de sonhos. Não haviam padrinhos internacionais, nem captação de bilhões para investimentos. Captamos sim, algo mais valioso: a confiança de cada produtor que acreditou no que oferecemos. E crescemos com eles. De verdade. Porque nunca perdemos o contato direto com quem importa: quem está no campo.
Na empresa, escolhemos fazer o oposto do que os gigantes pregam. Criamos um modelo onde a fábrica conversa com o produtor, sem ruído, sem maquiagem. Entregamos tecnologia de aplicação compatível com biológicos, com resultado comprovado a campo, e com preços que respeitam a margem do produtor e não a do atravessador.
Somos a prova de que é possível fazer diferente. De que não precisamos de atravessadores para escalar um negócio e de que uma indústria nacional, com alma e respeito pelo campo, consegue entregar qualidade, resultado e preço justo, direto da fábrica para o campo com uma logística rápida e eficaz. Fundo não planta, o consultor de São Paulo não aplica e nem compreende o solo!
Os fundos de investimento que tentaram assumir o Agro brasileiro tratam o setor como mais uma “vertical” a ser explorada. Ignoram que o Agro é horizontal por excelência: está em tudo, na comida, na energia, no vestuário. São os mesmos fundos que tentaram replicar aqui o modelo de fusões e aquisições de startups de tecnologia. E fracassaram! O Agro não é uma startup, é uma história centenária de suor, resiliência e relações.
Quem investe sem entender do dia-a-dia do campo, de ciclo, de clima, de custo operacional, não investe. Especula, e o especulador quebra. Agora é a hora de voltar para a origem: indústria e produtor, frente a frente. Ou seja, o futuro do Agro não está em grupos bilionários tentando consolidar toda a indústria sob um CNPJ. Está na inteligência logística, na eficiência produtiva e na proximidade com o produtor. Está no relacionamento real, direto e transparente entre a fábrica e a lavoura. Está no compromisso da indústria nacional em criar soluções adaptadas ao nosso solo, cultura e realidade.
Aos produtores do Brasil deixo um recado: procurem a fonte. Desconfiem de quem vende mais marketing do que produto. Cortem intermediários, e não financiam atravessadores. O campo é nosso. O Agro é nosso. E o futuro é direto da indústria para você produtor rural!
*Uma materia escrita Leandro Weber Viegas – Administrador, bacharel em Direito, consultor em agronegócio e CEO da Sell Agro.