A “Profecia dos Papas” previa Francisco, que morreu nesta segunda-feira (21/4), como o último líder da Igreja Católica antes da queda de Roma
Após a morte do Papa Francisco nesta segunda (21/4), os internautas resgataram textos antigos da “Profecia dos Papas”. De autoria atribuída a São Malaquias, bispo irlandês do século 12, os escritos preveem que o próximo líder da Igreja Católica vai governar na “desolação do mundo” e que Roma será destruída.
São Malaquias pontuou que Francisco seria o último papa da história. A profecia seria formada por 112 frases em latim, na qual cada uma delas descreveria os 112 últimos papas em ordem cronológica. Entretanto, os lemas têm interpretações ambíguas e não existem evidências de que a profecia seja verdadeira ou de que Francisco seria de fato o último dos pontífices.
Embora o argentino Jorge Mario Bergoglio seja o 266º papa da história, sucessor de Bento XVI, a dedução de que ele seria o último dos papas descritos nos textos se deve às semelhanças com o protagonista do 112º lema. O Petrus Romanus “Pedro, o Romano”, em tradução livre) teria nascido na Argentina, com ascendência italiana e latina. Por se encaixar na descrição, ele seria o último da lista.
Devido a falta da oficialização dos textos pela Igreja Católica, a autenticidade da previsão gera dúvidas, e há quem diga que ela é falsa. São Malaquias teria visitado Roma em 1139 a convite do então papa Inocêncio II, quando se tornou bispo e sonhou com a sucessão e decadência do papado. A maior controvérsia seria o nome do 112º Papa: a teoria apostava em Pedro II, mas Bergoglio decidiu se chamar Francisco quando eleito ao cargo.
Além disso, os textos só foram tornados públicos em 1590 pelo monge católico Arnold Wyon, que publicou a lista dos 112 papas na obra Lignum Vitae. Então, mesmo que atribuída ao nome de São Malaquias, a teoria não é nem classificada como uma “profecia” por teólogos, sendo que o termo é exclusivo para previsões bíblicas.
Antes do lema associado a Francisco, algumas teorias chamam a atenção para a autenticidade da suposta profecia. São Malaquias teria acertado simbolismos, datas e destinos de líderes da Igreja Católica. No lema Aquila Rapax (“Águia de Rapina”), o Papa Pio VII (1800-1823) viveu durante o domínio militar de Napoleão Bonaparte, cujo símbolo era uma águia imperial, bem como o título do texto.
O padrão de acertos se repete também no lema Crux de Cruce (“Cruz da cruz”), uma metáfora para as dificuldades enfrentadas por Pio IX (1846-1878), morto enclausurado no Vaticano. De Medietate Lunae (“Pelo período de uma Lua”) narrou o governo de João Paulo I (1978), que morreu 33 dias após assumir o papado, ocupando o cargo aproximadamente no período de um ciclo lunar.
A última profecia, por sua vez, afirmava que “na suprema desolação do mundo, reinará Pedro, o Romano, o último papa do Deus verdadeiro!” (“cTu, in desolacione suprema sede. Ecce Petrus Romanus, ultimus Dei veri Pontifex!”). Conforme Malaquias, tal papa ainda “alimentará o rebanho entre muitas turbulências, e então a cidade das sete colinas será destruída e o formidável juiz julgará o seu povo”. A cidade seria Roma, onde fica o Vaticano, sede da Igreja Católica.
Correio Brasiliense