Medida anunciada por Trump afeta exportações brasileiras; governo Lula convocou reunião para discutir reação
A taxação foi anunciada pelo presidente estadunidense, Donald Trump, em 10 de fevereiro deste ano. “Nossa nação precisa que o aço e o alumínio permaneçam na América, não em terras estrangeiras. Precisamos criar para proteger o futuro ressurgimento da manufatura e produção dos EUA, algo que não se vê há muitas décadas”, disse Trump na ocasião.
Os EUA são grandes compradores dos metais em todo o mundo. A decisão do país tende a afetar o mercado global do setor.
A medida afeta diretamente o Brasil, é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, exportando para lá cerca de 18% de todo metal que as siderúrgicas brasileiras produzem.
Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato em fevereiro, quando Trump anunciou as medidas, avaliam que a mudança pode levar a queda de preço e fechamento de postos de trabalho no setor, que emprega cerca de 121 mil pessoas no país, incluindo empregos diretos e indiretos. Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, polos siderúrgicos seriam os mais afetados.
No entanto, não é esperado um impacto generalizado na economia nacional. “Algum impacto vai ter, mas não para mudar o Produto Interno Bruto [PIB] e a dinâmica do emprego no país”, disse ao BdF Mauricio Weiss, economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembrando que a siderurgia representa 2% do PIB nacional, mas trabalha principalmente para abastecer o mercado interno.
O governo brasileiro convocou uma reunião para avaliar o cenário após a confirmação do aumento das tarifas. Além do Palácio do Planalto, o encontro envolve Ministério da Indústria e o Itamaraty.
De acordo com o jornal O Globo, o governo chegou a pedir um adiamento de um mês da entrada em vigor da medida para novas negociações, o que foi negado pelos EUA.
Em fevereiro, o governo preferiu ter cautela e esperar a efetivação da medida antes de reagir. Agora, existe a possibilidade de o país impor medidas retaliatórias contra os EUA. Estão na mesa a taxação de importações de produtos de tecnologia dos EUA, o que incluiria a atuação das big techs, gigantes da tecnologia, como Google, Meta e X.
Em entrevista à Rádio Clube do Pará no dia 14 de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) frisou que o Brasil deverá tratar com “reciprocidade” medidas como as anunciadas pela Casa Branca.
Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar a Organização [Mundial] do Comércio [OMC] ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, disse Lula.
“Sinceramente, não vejo nenhuma razão para o Brasil procurar contencioso com quem não precisa. Agora, se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade. Não tem dúvida, haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil”, reforçou.
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