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Guerra comercial entre os Estados Unidos e China; veja como isso pode impactar no Brasil

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Medidas devem refletir na desaceleração da economia global

 (Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

Como resposta à taxação adicional de 10%, aplicada pelos Estados Unidos aos produtos da China, que entrou em vigor nesta terça-feira (04), o país asiático anunciou alta de 15% nas tarifas sobre carvão e gás natural liquefeito e elevou em 10% as que incidem sobre produtos norte-americanos, como petróleo bruto, automóveis e máquinas. Nesse cenário, de acordo com economistas, o Brasil pode estreitar laços comerciais com a China, aumentando a exportação de petróleo e produtos agrícolas; em nível global, as medidas devem trazer consequências como o aumento do custo de vida e alta na inflação.

Enquanto isso, a aplicação do aumento de tarifa em 25% foi suspensa no México e no Canadá com o acordo de pausa de 30 dias para a negociação em troca do controle de fronteiras nos países. De acordo com o economista Marcelo Barros, professor da Universidade de Pernambuco (UPE), da mesma forma que ocorreu com esses países, deve ocorrer uma negociação também para suspender essa alíquota (qual?). “É um jogo de perde e perde. Eu acho que, na verdade, Trump está usando essa questão de aumentar as taxas para forçar uma uma negociação com esses países”, aponta.

DESACELERAÇÃO DA ECONOMIA GLOBAL

De acordo com Marcelo Barros, essa é uma guerra em que todos os lados podem perder. “Tanto perde os Estados Unidos, como perde a China e o mundo. O que está prestes a acontecer é voltar um pouco a fita e a gente entrar em um período onde os países levantavam barreiras para proteger sua indústria e isso vai gerar consequências muito ruins para o mundo, porque possivelmente ocorrerá um aumento do custo de vida e inflação para o mundo inteiro”, destaca. Segundo ele, a possível guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais, Estados Unidos e China, eve elevar o preço interno nos dois países e afetar a economia global.

Ele analisa ainda que, com a possível dificuldade no fluxo de comércio entre os países e o reflexo na inflação, isso pode pressionar o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), a aumentar a taxa de juros. “Isso vai dificultar o crescimento econômico dos Estados Unidos e do mundo, refletindo na redução no ritmo de crescimento da economia mundial”, afirma.

BRASIL PODE SE BENEFICIAR

O economista Sandro Prado indica que o Brasil também pode se beneficiar das tensões comerciais entre os EUA e a China. “Produtos agrícolas, como soja e carne, podem encontrar maior demanda no mercado chinês, caso as tarifas sobre produtos americanos tornem esses itens menos competitivos. Porém, é necessário cautela, pois a dependência excessiva de um único mercado pode representar riscos, especialmente diante de possíveis mudanças nas políticas comerciais americanas e chinesas em tempos de tensão generalizada nos mercados internacionais”, afirma.

Caso os Estados Unidos aumente a política protecionista contra Canadá, México, China e países da União Europeia e, em troca, os países revidem e aumentem as tarifas para importar produtos americanos, a janela de oportunidade se abriria também para outros países que estariam em retaliação às medidas americanas. “É um grande jogo”, diz.

PETRÓLEO

Ainda de acordo com Prado, a decisão de impor tarifa sobre o petróleo americano pode fazer com que o Brasil impulsione suas relações comerciais com o país asiático. “A decisão da China de impor uma tarifa de 10% sobre as importações de petróleo bruto dos EUA abre uma janela de oportunidade para o Brasil aumentar suas exportações de petróleo para o mercado chinês. Atualmente, o Brasil é o sétimo maior fornecedor de petróleo para a China, com uma média de 720 mil barris/dia”, disse.

Ele analisa também que o petróleo brasileiro pode se tornar mais competitivo no mercado chinês caso, realmente, o Brasil tenha capacidade de aumentar significativamente sua produção e exportação de petróleo para atender à demanda adicional em um curto espaço de tempo.

Por outro lado, o Brasil também pode ser impactado com a taxação de outros produtos. “Nós exportamos para os Estados Unidos produtos da indústria de transformação, como aço e alumínio, e Trump pode também sobretaxar esses produtos. Então, nós podemos ser prejudicados caso Trump aumente a tarifa de importação de produtos brasileiros”, explica Sandro Prado.(Diário de Pernambuco)