Viver conversa com duas especialistas em educação sobre o papel dos profissionais da educação na consolidação e sensibilização de um povo para a sua cultura
Celebrado no Brasil em 15 de outubro, o Dia do Professor faz referência à data em que, no ano de 1827, o então imperador Dom Pedro I assinou o decreto que criou o Ensino Elementar do Brasil, homenageando Santa Teresa de Ávila, padroeira dos professores e estabelecendo a necessidade de escolas de base em todas as cidades, vilas ou vilarejos do país.
Paulo Freire dizia em Pedagogia do oprimido que não existiam saberes maiores ou saberes menores, mas saberes distintos. Pensar na construção de uma base cultural que reduza desigualdades e consolide uma noção de pertencimento a partir das múltiplas diferenças é tarefa de vários setores da sociedade, mas é absolutamente indivisível, sobretudo, da educação. Identificar e potencializar forças e aplicabilidade das diversas formas de cultura desde cedo é uma das etapas nesse processo – no qual o professor desempenha um papel de pivô.
“O professor personaliza o anseio por transformar a escola em um ambiente de sonhos e de construção cultural, por isso a importância da valorização de ações que visam reconhecer a importância da cultura popular, negra e indígena. Diversos professores no nosso estado e país realizam inúmeras atividades mesmo com auxílio escasso, mas o aumento nesse incentivo público tem o poder de melhorar o trabalho dos que já possuem essa visão como de criar naqueles que ainda não têm uma sensibilidade maior voltada. Essa valorização é uma forma de combater os preconceitos e discriminações que acontecem no ambiente escolar”, afirma ao Viver a socióloga Nayara Melo, analista de pesquisas do Observatório da Branquitude, que vem desenvolvendo nele uma pesquisa sobre as diferenças estruturais entre escolas de maioria branca e negra.
“Os professores estão em todos os componentes, fortalecendo setores e buscando o aprimoramento do saber/fazer, buscando na cultura a verdade e a raiz pioneira de atitudes de um povo, seu desenvolvimento nas diversas formas de artes, mostrando todo o seu potencial adormecido por alguns, mas não esquecido nas propostas curriculares de todos os seguimentos. Essa data, então, relembra que somos nós, professores, que estamos na linha de frente dos ensinos básico, fundamental, médio e superior, e que precisamos ver valorizados em um país que ainda custa a priorizar a educação em diversos segmentos”, ressalta ainda a professora e Mestra em Ciências da Linguagem em Rosa Costa.(Diário de Pernambuco)