De acordo com a universidade, a chamada tem como meta proporcionar um ambiente propício para desenvolvimento científico e tecnológico e aumentar a competitividade brasileira em diversas áreas de estudo por meio da pesquisa (Foto: Arquivo/DP)
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aprovou R$ 19.995.068,23 que serão investidos na expansão da infraestrutura voltada para pesquisa acadêmica. O valor consta no edital de apoio financeiro à execução de projetos institucionais de expansão e desenvolvimento de infraestrutura de pesquisa da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O valor será utilizado para expansão do Laboratório de Tomografia Computadorizada de Raios X, aquisição de um equipamento para estudos de física de materiais 2d, tecnologias quânticas, spintrônica e fotônica, compra de equipamentos para plataforma de prospecção de biomoléculas aplicadas à saúde e a aquisição e disponibilização de uma estrutura de computação de alto desempenho para a pesquisa da UFPE.
De acordo com a universidade, a chamada tem como meta proporcionar um ambiente propício para desenvolvimento científico e tecnológico e aumentar a competitividade brasileira em diversas áreas de estudo por meio da pesquisa.
O pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Pedro Carelli, comenta a importância dessa recente conquista da Universidade.
“A UFPE aprovou 100% da demanda possível nesta chamada, obtendo um desempenho muito destacado em uma concorrência bastante competitiva. A estratégia de concorrência nacional foi organizada pela Propesqi, com reuniões de alinhamento, chamada e julgamento interno de propostas. Todas as propostas reforçarão a infraestrutura multiusuária de pesquisa da UFPE e serão credenciadas como Laboratórios Multiusuários de Pesquisa (Lamps) junto à Propesqi”, destaca.
Avanço
A proposta da UFPE aprovada pela Finep inclui a expansão do Laboratório de Tomografia Computadorizada de Raios X (LTC-RX). O projeto é coordenado pelo professor Antonio Antonino, do Departamento de Energia Nuclear (DEN).
Para sua execução, foi aprovado um montante de R$ 6.505.666,66, que servirá para a compra de um tomógrafo computadorizado de raios X. O professor explica que o equipamento poderá realizar imageamento de ensaios em tempo real (4D), com espaço de cabine que permite a montagem de experimentos dentro do ambiente de aquisição de dados.
O tomógrafo também oferece vantagens em termos de operação, como tempo de aquisição de imagens reduzido, maior capacidade de resolução de imagens e melhor correção dos dados, de acordo com o docente.
“A aquisição desse equipamento é fundamental para promover o avanço da ciência e tecnologia no país e fortalecer a infraestrutura da região nordeste do país. Ressalta-se que esse será o único equipamento disponível nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil”, destaca.
A UFPE também aprovou a aquisição de um equipamento XPS integrado com UPS e Raman para realizar pesquisas em materiais 2D voltado a estudos de spintrônica, fotônica e materiais para tecnologias quânticas, que será instalado na Central Multiusuário da Física (LAMPDF).
O projeto, coordenado pelo professor Eduardo Padrón Hernández, do Departamento de Física, ganhou R$ 5.999.594,83 pelo edital.
“Sem uma técnica espectroscópica sensível a estas escalas atômicas (XPS com UPS e Raman integrados), é impossível a realização de estudos nestes temas de fronteira. Uma das técnicas fundamentais para a análise superficial em filmes e estruturas 2D com elevada sensibilidade é o XPS integrado a UPS e Raman (XPS/UPS/Raman). O estudo de materiais 2D exige uma infraestrutura atualizada não disponível na UFPE e que existe apenas no Sudeste e no Sul do Brasil. Para manter a qualidade das pesquisas no Departamento de Física da UFPE e para poder acompanhar o nível de qualidade mundial, é fundamental contar com infraestrutura atualizada”, explica Padrón.
A proposta institucional inclui a estruturação de uma plataforma de prospecção de biomoléculas aplicadas à saúde. O projeto, coordenado pelo professor Marcos Antonio de Morais, do Departamento de Genética, conseguiu aprovar R$ 4.591.937,29.
O objetivo é prospectar, a partir da biodiversidade da caatinga, novas moléculas com aplicação industrial e para a saúde humana. Os recursos serão aplicados e um microscópio confocal para imagens de células vivas pela tecnologia intravital e um espectrômetro de massas com analisador do tipo Quadrupolo-Tempo de Voo (Q-TOF) para análises de moléculas. Segundo o docente, os recursos serão aplicados na instalação de infraestrutura complementar que permita a extração, identificação e caracterização química e biológica de moléculas provenientes de plantas e microrganismos do bioma da caatinga.
Essas moléculas serão testadas para aplicações biotecnológicas diversas, que incluem química fina como alimentos, cosméticos e fármacos. “Isso colocará a UFPE como uma instituição modelo nas temáticas de bioeconomia, química verde e sustentabilidade”, comemora.
Integração
A Universidade também aprovou a formação de um laboratório de computação de alto desempenho. O espaço terá uma infraestrutura com potencial para atuar em diversas áreas estratégicas, permitindo o desenvolvimento de pesquisas e aplicações envolvendo técnicas sofisticadas de Inteligência Artificial, com aplicações em diversas áreas do conhecimento.
O projeto, coordenado pela professora Teresa Ludermir, do Centro de Informática (CIn), conseguiu aprovar R$ 2.897.869,45. A construção do projeto também teve a participação do professor Adiel Filho, do CIn.
Ele explica que a implementação de um cluster de alto desempenho computacional (HPC) na UFPE servirá como catalisador para a aceleração da pesquisa científica e inovação tecnológica.
De acordo com Adiel Filho, o laboratório possibilitará aos pesquisadores e estudantes acesso a recursos computacionais capazes de processar grandes volumes de dados e executar simulações complexas em uma fração do tempo requerido por sistemas computacionais convencionais.
Ele também permitirá a integração destes pesquisadores em Inteligência Artificial com pesquisadores de outras áreas através de aplicações em Saúde, Engenharia, Física, Química, Ciências da Vida, entre outras.
“Em um cenário global em constante evolução tecnológica, a capacidade de realizar pesquisas avançadas e desenvolver soluções inovadoras torna-se cada vez mais dependente do acesso a recursos computacionais de alto desempenho. Esta infraestrutura permitirá à universidade competir em pé de igualdade com instituições de pesquisa globais, atraindo projetos de grande envergadura e parcerias internacionais”, destaca Adiel.
Edital
O edital da Finep tem como público-alvo instituições científicas, tecnológicas e de inovação (ICTs) públicas e privadas. Os recursos financeiros da chamada servirão para cobrir gastos com infraestrutura laboratorial necessários à expansão e modernização de laboratórios existentes.
A chamada contempla aquisição de equipamentos multiusuários de médio e grande porte e pequenas adaptações de espaço físico necessárias para a instalação dos equipamentos solicitados. (Diário de Pernambuco)
