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Cuidado! Evite perguntas desconfortáveis nas entrevistas de emprego

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Carteira de trabalho - (crédito: Tony Winston/ Agência Brasília)

Algumas questões podem ser interpretadas como invasão ou ataques à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas podem gerar diversos riscos, como os de ações e condenações judiciais trabalhistas, cíveis e até criminais, segundo especialistas

Entrevistas de emprego podem ser momentos de muito estresse para muitas pessoas, especialmente quando há situações desconfortáveis e perguntas discriminatórias, que podem passar despercebidas pelo futuro empregado. No mês passado, a fala do empresário Tallis Gomes que afirmou “não contratar esquerdista” repercutiu negativamente entre os usuários de rede sociais e abriu o debate sobre os comportamentos que o entrevistador deve seguir, além das perguntas apropriadas para a situação.

Algumas questões podem ser interpretadas como invasão ou ataques à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas podem gerar diversos riscos, como os de ações e condenações judiciais trabalhistas, cíveis e até criminais, bem como de denúncias perante autoridades públicas, de acordo com especialistas.

A advogada trabalhista Paula Borges explica que não existe uma lei ou regra específica que defina quais são os comportamentos adequados durante o processo de contratação. “O recomendado, durante uma entrevista de emprego, é que sejam feitas perguntas específicas da vaga. Perguntar sobre o estado civil, intenção de ter filhos, orientação sexual, religião, posicionamento político, enfim, tudo isso não é viável, pode ser considerado situações de descriminação”, explica.

De acordo com o advogado trabalhista Fábio Medeiros, certas perguntas envolvendo características pessoais ou mesmo familiares das pessoas candidatas podem ser necessárias durante o processo de levantamento de informações para o oferecimento de benefícios pela empresa ou mesmo para o preenchimento de declarações trabalhistas, previdenciárias e tributárias obrigatórias para a contratação.

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“Essas questões, entretanto, somente deveriam ser apresentadas quando o candidato já foi comunicado para a contratação e não durante o processo de recrutamento e seleção, do contrário elas podem eventualmente ser interpretadas como potencialmente discriminatórias. É o caso das declarações e comprovações sobre a existência de dependentes, gênero, cor, raça, idade, localidade de residência, entre outras”, explica.

Caso o futuro empregado passe por uma situação constrangedora ou discriminatória, Medeiros aconselha procurar o Ministério Público do Trabalho e preencher uma denúncia contra a empresa contratante. “Práticas trabalhistas ilícitas, mesmo na fase pré-contrato de trabalho durante os processos de recrutamento e seleção, podem ser denunciadas para o Ministério do Trabalho e Emprego ou, se envolverem coletividades, para o Ministério Público do Trabalho, autoridades que contam com atendimentos via internet, telefone ou presenciais.”

Exposição na internet
Após sofrer uma violação ou desrespeito, muitas pessoas voltam para o desabafo e a exposição na internet em busca de consolo ou denúncia. Para Medeiros, no entanto, expor esse tipo de situação na internet pode ser mais prejudicial para o empregado do que para a empresa. “Sem desconsiderar em nada as razões das pessoas e os impactos emocionais que situações enfrentadas em processos de recrutamento e seleção podem causar, temos recomendado que os candidatos avaliem bem se o melhor caminho é a internet, onde nada se apaga e que inegavelmente serve de fonte pública de informações sobre qualquer pessoa”, recomenda.

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Embora trabalhe com práticas éticas no meio trabalhista, Paula Borges também foi vítima de desrespeito em entrevista de emprego. A advogada recorda que, durante o período das eleições, uma das perguntas eliminatórias se referia à posição política. “Uma das questões era se eu era de esquerda ou de direita. Como mulher, já fui muito questionada sobre meu estado civil, com quem eu moro, se pretendo ter filhos, entre outras questões chatas”, diz.

O auxiliar administrativo Juliano da Silva, de 42 anos, já perdeu oportunidades de emprego pela idade. “A gente sente que perdeu a vaga por ser muito velho. Nunca me foi dito com todas as letras, mas dá para saber. Um processo que eu estava participando, estava tudo certo para eu começar a trabalhar, e do nada falaram que a vaga já tinha sido preenchida. Quando fui ver, contrataram uma pessoa muito mais nova”, afirma. (Correio Brasiliense)