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Artigo: A saúde mental vale ouro

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Simone Biles, Gabriel Medina e Caleeb Dressel: desaceleração, pausa e o divã deixaram atletas mais leves nos Jogos Olímpicos de Paris-2024

Simone Biles em ação na final individual geral: ouro em Paris-2024 três anos depois da depressão nos Jogos de Tóquio-2020 -  (crédito:  Abelardo Mendes Jr; @abelardomendesjr)

Os Jogos Olímpicos representam mais uma vez um marco no debate sobre a saúde mental nos esportes. Há três anos, a ginasta estadunidense Simone Biles abriu a discussão ao renunciar às principais disputas e deixar a edição de Tóquio-2020, disputada em 2021, devido à pandemia, com uma medalha de bronze na trave de equilíbrio e a prata por equipes. Ao se mostrar humana e desistir de quatro finais, Biles encorajou colegas de várias modalidades a assumir: eles parecem, mas não são robôs.

“Eu aconselho colocar a saúde mental em primeiro lugar. Porque se você não fizer isso, não aproveitará seu esporte e não terá tanto sucesso quanto gostaria. Às vezes, é OK até mesmo ficar de fora das grandes competições para focar em si mesmo. Isso mostra o quão forte você realmente é como competidor e pessoa — em vez de apenas batalhar por isso”, justificou Simone Biles em 2021, ao explicar a decisão radical.

O ciclo rumo a Paris-2024 foi marcado pela desaceleração, a pausa de vários atletas antes da retomada do padrão de excelência na França. A tenista japonesa Naomi Osaka abriu mão de disputar Roland Garros em nome da saúde mental. Em 2022, um dos astros da natação, o norte-americano Caleeb Dressel, refugou nas semifinais dos 50m livre no Mundial de Esportes Aquáticos em Budapeste, na Hungria.

“Eu sei que consigo nadar e ser feliz, eu já tive isso em algum ponto da minha vida, e estou tentando recuperar. Se você precisa de um tempo, tire. Eu vou voltar”, disse nas publicou nas sociais.

Ricky Rubio deixou de representar a Espanha na Copa do Mundo de basquete do ano passado sob a seguinte alegação: “Desenvolvi estresse crônico e tive de o regular. Não rotulava como ansiedade ou perturbação. Tinha sintomas de problemas de saúde mental, mas queria compreendê-los”, explicou o armador com passagem por Minnesota, Utah, Cleveland e Phoenix na NBA.

Atletas de alta performance do esporte brasileiro seguiram a receita. Gabriel Medina (surfe), Pedro Barros (skate), Ana Marcela Cunha (águas abertas) e o atacante Richarlison, medalha de ouro com a Seleção masculina de futebol em Tóquio, quebraram tabus, buscaram ajuda e falaram sobre o tema.

Paris-2024 comprova: a vida precisa de pausas. Simone Biles desacelerou e voltou mais forte. Classificada para cinco finais na ginástica na Olimpíada da França, ela já ganhou duas: equipes e individual. Gabriel Medina compete, diverte e viraliza nas redes sociais depois da obra-prima registrada no Taiti pelo repórter fotográfico francês Jerome Brouillet. Semifinalista neste sábado, Medina pode pegar uma onda dourada.

Caleeb Dressel ficou fora do pódio na finalíssima dos 50m livre na natação, mas não deixará Paris-2024 com o pescoço vazio. A equipe de revezamento conquistou a medalha de ouro no revezamento 4x100m livre. As pausas dos atletas de ponta ensinam: cuidar da minha, da sua, da nossa saúde mental também vale ouro.(Correio Brasiliense)