A TARDE – Além de um momento de celebração com a família e amigos, o ano novo também é um período importante para planejar economicamente como serão os meses seguintes. Para manter a saúde financeira organizada, é importante que as famílias coloquem no papel os gastos previstos, assim como as metas pessoais e conjuntas para o ano, para que evitem gastar de forma prejudicial.
O consultor financeiro Edísio Freire conta que ter um planejamento eficaz desde o início do ano é algo que “dá tranquilidade, uma segurança. Você passa a ter mais controle sobre o dinamismo das despesas e dos gastos”. Apesar de ser uma data simbólica e que muitas pessoas aproveitam para fazer a organização de vários aspectos da vida, o consultor ressalta que o planejamento pode começar a qualquer momento do ano.
Uma outra questão que Edísio destaca é a necessidade dessa elaboração ser feita em conjunto. “Colocar todos da família envolvidos é fundamental. É importante trazer a família para esse momento para que os desejos de todos sejam de alguma forma contemplados no plano, que todos entendam o sacrifício necessário no primeiro momento e possam colaborar. Isso é muito importante para que tenha sucesso”, comenta o consultor.
Depois de estar junto com a família, “um dos primeiros passos é se conhecer, entender como são seus gastos”, diz Edísio. Para ter esse diagnóstico próprio é importante saber o seu histórico de despesas e traçar um perfil. “A partir daí você vai tomar as decisões e reajustar caso os seus gastos fiquem fora do limite. Não adianta colocar no papel sem refletir”, explica.
Colocar todos da família envolvidos (com o planejamento financeiro) é fundamental Edísio Freire, consultor,
Lucas Spínola é especialista em finanças e concorda que, antes de tudo, é necessário entender quais são as possibilidades dentro do rendimento familiar: “Para planejar, uma ação que gosto é classificar os gastos em ordem de essencialidade. A ideia é, a partir da classificação, encaixar o orçamento dentro do nível de renda da família”, orienta.
São três categorias para separar as despesas: obrigatória, importante e supérflua. “Existem gastos que são obrigatórios para nossa sobrevivência; outros são importantes, mas não essenciais; e existem gastos que são ‘luxos’ que nos damos”, aponta o especialista. Com essa separação, é possível entender melhor como o dinheiro circula dentro da rotina, para ver como serão feitos os planos para alcançar as metas.
Evitar tropeços
“Um grande problema é fazer o gasto sem ter lastro para custeá-lo, querer sustentar um padrão de vida acima do nível de renda”, destaca Lucas. Uma dessas ações que podem vir a atrapalhar o cumprimento do planejamento ao longo do ano são os parcelamentos no cartão de crédito. O especialista alerta para a “falsa sensação de que as parcelas cabem no orçamento. Um conjunto de parcelas podem criar uma bola de neve”.
Segundo a pesquisa de 2021 da Acordo Certo, empresa de negociação de dívidas online, cerca de 50% dos brasileiros têm dificuldade em fazer um planejamento financeiro e 56% relataram dificuldade em guardar dinheiro. Para o consultor Edísio, os maiores empecilhos para conseguir cumprir as metas são a desmotivação e se atrapalhar com algum dos processos.
“É importante entender o que não está lhe permitindo desenvolver esse projeto. É por que você não consegue não comprar? É por que não anota os gastos? Se os obstáculos estão grandes e não estão sendo superados, é encontrar uma motivação Qual é? Mudar de vida? Ter um filho? Comprar um imóvel? Viajar? Encontrar uma motivação, pôr na balança esses elementos e aí fazer os sacrifícios”, aconselha Edísio.
Para ajudar nessa visão, o consultor salienta que é necessário ter em mente quais são as metas a serem alcançadas no curto, médio e longo prazo para “implementar ações para que os planos aconteçam. O que você deseja pro futuro tem que pensar o planejamento para o hoje e o amanhã”, explica Edísio. Mas ele diz que, se a situação sair muito do controle próprio, é importante procurar a ajuda de um profissional da área de finanças.
E evitando tropeços em 2022, Lucas Spínola conta que, para a saúde financeira, é essencial planejar uma reserva de emergência. “É preciso pensar em um recurso que deve ser reservado para caso venha a acontecer algum problema”. Além disso, o especialista também dá a dica de ter bem nítido para onde vai a renda, seja anotando em planilhas ou em cadernetas, e “sempre associado ao nível de essencialidade que você mesmo estabeleceu”, instrui.
Mas Edísio Freire afirma que deixar de fazer as anotações não é sinônimo de tropeço: “Não precisa se corroer por isso, o que funciona para um pode não funcionar para o outro. Se você não puder, não quiser ou não for seu perfil, você vai conseguir se organizar financeiramente sim. Mas é prudente que pelo menos uma vez por ano você revise. Pegue o extrato e faça uma atualização para ver se tudo que planejou está no alinhamento certo”, recomenda o consultor.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló