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Fazer o básico bem-feito, o grande desafio do varejo

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Anderson Ozawa*

Muito se fala em como as empresas de varejo irão passar os próximos anos e quais serão seus desafios, especialmente após as mudanças do comportamento do consumo com a pandemia. Alguns especialistas falam sobre como comportar-se diante dos Millenials (consumidores nascidos entre 1981 a 1995) e a Geração Z (jovens que nasceram de 1995 a 2009), outros abordam o marketing digital e a multicanalidade, enfim, grandes temas com tratativas singulares e específicas.

Todos os temas são muito importantes e devem ser considerados. Mas, o verdadeiro desafio é fazer o básico bem-feito. Sabe operar e gerir seu negócio, deixar de lado o Complexo de Gabriela (“Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”) e a vaidade, e olhar para dentro do seu negócio, pronto a estruturar uma gestão de rotinas que busca maior governança, melhor desempenho e maior lucratividade. Tudo isso, baseado em como a empresa executa suas rotinas e processos.

Por isso, sempre digo que “primeiro é preciso aprender a andar, para depois correr”. Mas é preciso querer e aprender a fazer isso. Grandes, médias e pequenas empresas, todas sofrem desse Complexo de Gabriela, pois têm ineficiências em suas operações que acarretam reduções de décimos de percentual em sua lucratividade.

Vão dizer por aí, “mas décimos de percentual na lucratividade”? Pode parecer pouco, mas em um segmento onde as margens são sempre apertadas, qualquer ganho, por menor que seja, pode fazer muita diferença. A questão que poucas empresas enxergam é, como também digo costumeiramente: “de grão em grão a galinha enche o papo”.

Reflita comigo. Sua empresa tem uma ineficiência no atendimento a clientes pela falta de uma rotina estabelecida para esse processo. Há ainda outra na gestão dos estoques, pela inexistência da rotina padrão. O abastecimento de produtos também falha algumas vezes, consequência da rotina inexistente. A soma de todas essas ineficiências (existem outras muito mais, basta observar nos detalhes) reduzem seu resultado silenciosamente e constantemente. Você quase não percebe (ou enxerga, mas faz vista grossa), mas é como se aos poucos estivesse rasgando dinheiro. Sim! Rasgando dinheiro!

As empresas de varejo “rasgam dinheiro” todos os dias. Como toda organização, sua empresa é um mecanismo, uma engrenagem que precisa funcionar de maneira sincronizada, no tempo certo, para ter o melhor desempenho e informar a hora certa.

Sua empresa é uma orquestra. Imagine, uma bela sinfonia de Mozart sendo executada por uma orquestra de cem integrantes, onde por exemplo, os violinistas estivessem tocando um compasso abaixo ou acima. Não seria mais uma bela sinfonia de Mozart. Você já reparou que, mesmo todos sabendo a música “de cabeça”, sem exceção, têm a partitura à sua frente?

Você quer que sua empresa cresça, tenha as melhores tecnologias, as melhores pessoas, esteja preparada para os desafios? Então comece pelo básico bem-feito. Leia mais, assista mais, invista mais em processos, pessoas e tecnologia.

Identifique onde quer chegar com a sua empresa, quais resultados quer atingir e construa uma estrutura de gestão e rotinas que faça tudo isso ser realidade. Tenha às partituras à mão – que nesse caso são seus manuais de rotinas, capacite seus “músicos” (colaboradores, no caso) constantemente, coloque à disposição as melhores tecnologias e ferramentas, tenha mentores e maestros (gestores) que conduzam essa equipe e façam governança das operações.

E por fim, olhe os indicadores. Fazer o básico bem-feito é o maior desafio das empresas de varejo nos próximos cinco anos. Aquelas que investirem nessa mudança, terão os melhores rendimentos no futuro.

*É diretor da AOzawa Consultoria, especialista em governança Operacional e Corporativa, palestrante, consultor, professor da FIA Business School e autor do livro “Pentágono de Perdas: Transformando Perdas em Lucros”