
A Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) publicaram uma nota sobre a morte: “Farão muita falta em nosso Estado aquele sorriso de ouro, as roupas luxuosas e coloridas, além da energia e do espírito transgressor que Mestre Jaime sempre carregava.”
Foi em 1946, quando a população de Salgueiro brincava o carnaval tradicional, que Jaime e alguns amigos decidiram vestir fantasias de bichos. “Olha a cobra, olha o jacaré, olha o homem do espaço atrás de mulher/ No calça frouxa tudo é legal, tem Mestre Jaime que é o maioral/ E a Bicharada que brinca o Carnaval”, diz uma das marchinhas que marcaram a história do bloco.
“Eu admiro muito a natureza, se eu olhar para o mar quero ver o tubarão; se olhar para a África quero ver o leão, e assim inventei de trazer todos os bichos para cá”, disse o mestre, em entrevista ao portal Cultura.PE, em 2012. A história do bloco Bicharada se confunde com os próprios episódios da vida do mestre. Na década de 1980, Jaime ficou bastante magoado com a chegada dos trios elétricos da cidade.
“Carnaval fora de época para mim não vale/ Veio de uma geração louca e alucinada/ Botei a trave na janela, fechei a porta principal/ Fiz de conta que não vi desaparecer pelo fundo do quintal (…) Trio elétrico, invenção do satanás,/ acabou com o sentimento dos velhos carnavais,/ aquele que escrevia a bela melodia não volta nunca mais”, diz a marchinha criada por ele na época.
Mestre Jaime também participou da Comissão Organizadora do Carnaval de Salgueiro, na década de 1970. Tacos e Pedaços e Calça Frouxa foram alguns outros blocos que animaram o carnaval da cidade nessa época. Em 2012, Jaime chegou a dizer que o Carnaval estava prestes a chegar ao fim. Enquanto A Bicharada existisse, no entanto, a festa sobreviveria em Salgueiro.