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Em Pernambuco, Lula critica Bolsonaro e reafirma enfrentamento ao mandatário

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 (Fotos: Sandy James / Esp. DP FOTO)

Na tarde dessa segunda-feira (16) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista coletiva no Hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem, no Recife, após uma intensa agenda que incluiu encontros com diversos políticos, um jantar com o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB) e uma visita a um assentamento do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

Durante sua fala inicial, Lula fez duras críticas ao atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), que segundo ele, não tem compromisso com a questão social. “Eu nunca imaginei que depois da Constituinte de 1988 fôssemos voltar à situação que nós vivemos, que tivéssemos o retrocesso que estamos tendo, de ter um governante que não tem nenhum compromisso com a verdade, com a questão social, com as vítimas do Covid”, disse o ex-presidente parabenizando também o trabalho do senador Humberto Costa na CPI da Covid-19 que, de acordo com Lula, está mostrando que não se comprou vacina antecipadamente no Brasil “porque tinha se constituído uma verdadeira quadrilha para comprar vacina”.

Lula alegou que não gosta de ofender governantes porque ele mesmo já foi presidente, mas chama Bolsonaro de genocida porque temos “um presidente que não está preocupado”. Ele também criticou fortemente o militarismo exacerbado no governo Bolsonaro afirmando que é um problema “quando a gente percebe que o presidente tem coragem de visitar um quartel, mas não tem coragem de visitar um hospital, a família de uma pessoa vítima do Covid”.

Ainda sobre Bolsonaro, Lula afirmou que “esse cidadão não fala em crescimento econômico, em distribuição de renda, agora que está perto da eleição diz que vai fazer”, e que “qualquer dinheiro disponibilizado o povo precisa”, pontuando, contudo, que “se o [Arthur] Lira não tiver coragem de fazer o impeachment, se não houver na CPI alguma acusação forte que o Judiciário possa interditar a governança do Bolsonaro, vai sobrar para vocês e para o povo brasileiro o dever de se livrar desse genocida nas eleições do ano que vem”.

O petista afirmou que, caso eleito, pegará o país “pior do que quando eu assumi em 2003, com inflação mais alta, desemprego alto e falta de credibilidade interna e externa”. “Não tem presidente no mundo que queira visitar o Brasil, nem nenhum presidente no mundo que queira receber o Bolsonaro. É uma vergonha”, disse Lula.

Libertado da prisão em 2019, Lula chamou o processo de sua prisão de “falcatrua para criminalizar o PT, criminalizar o Lula e destruir o patrimônio industrial desse país”. Ele afirmou que, apesar de todas as dificuldades, “nós estamos de volta para juntar todo o rebanho que a gente puder juntar para reconstruir a democracia brasileira que foi fundada com a Constituição de 1988 e está sendo agora desmontada”. Lula também criticou o crescimento do nível de desemprego e precarização do trabalho, o que chamou de “escravidão”.

“Um trabalho que não garante férias, não garante 13º, eu pergunto que trabalho é esse? Quem ganha com isso? Quem lucra? Certamente não é as pessoas que trabalham. (…) É importante não ter memória curta, quando a Dilma governava esse país em 2014 tínhamos 4.23% de desemprego, era pleno emprego, faz tempo que não temos aumento no salário mínimo”, disse o ex-presidente. A geração de emprego, segundo Lula, só virá com a recuperação econômica que somente ocorrerá se o país “colocar o pobre no orçamento da União” e também “o rico no imposto de renda”.

Voto Impresso

Questionado sobre a insistência do grupo político de Bolsonaro na pauta do voto impresso mesmo após a rejeição da proposta na Câmara dos Deputados, Lula afirmou que “se um filho de Garanhuns tivesse medo de ameaça, eu não teria nascido”.

“O seu Bolsonaro tem que aprender uma coisa: ele foi eleito como resultado da maior mentira já contada nesse país contra o PT, contra o comunismo, a minha prisão foi feita para que ele pudesse ganhar as eleições. Ele sabe que vai perder as eleições, querer trazer o voto impresso é negar as eleições dele por oito mandatos”, disse o ex-presidente.

Lula complementou afirmando que sua eleição atesta a lisura das urnas eletrônicas, devido Às diversas vezes em que tentou alcançar o posto de presidente ao longo dos anos e alegou, ao final, que tem “experiência demais com bravata”, que Bolsonaro perderá as eleições, vai acatar o resultado e que “o que pode acontecer é que quem ganhar não queira receber a faixa [presidencial] dele, queira receber a faixa do povo brasileiro”.

Após a entrevista, o ex-presidente se reuniu, ainda nesta tarde, com lideranças políticas de outros partidos, como por exemplo o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos). Lula partirá do Recife nesta terça-feira (17) com destino ao Piauí, onde continuará sua agenda de viagens pelo Nordeste.

Auxílio Brasil

No que diz respeito ao anúncio do Governo Federal sobre o Auxílio Brasil, medida tomada por Bolsonaro para ampliar o valor e o alcance do Bolsa Família (criado no governo Lula) ao mesmo tempo em que altera seu nome, o petista afirmou que mesmo que a medida saia do papel, Bolsonaro não será eleito.

“Mudar de nome é uma coisa pequena. Eu jamais vou falar contra qualquer aumento que melhore a qualidade de vida do povo. O que vai acontecer é que o povo vai receber e votar contra ele, porque não é possível brincar com a pobreza, esse país brinca com a pobreza a 500 anos”, disse Lula, lembrando que o PT pleiteia um Bolsa Família de R$ 600.

Giro pelo Nordeste

Após a entrevista, o ex-presidente se reuniu, ainda nesta tarde, com lideranças políticas de outros partidos, como por exemplo o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos). Lula partirá do Recife na terça-feira (17) com destino ao Piauí, onde continuará sua agenda de viagens pelo Nordeste.(Diário de Pernambuco)